Por Juliana Costa e Lara Araújo
terça-feira, 31 de maio de 2016
Micro resenha
Dois Irmãos de Milton Hatoum
Dois Irmãos é uma obra escrita por Milton Hatoum, publicada no ano de 2000pela Companhia das Letras. O enredo consiste na turbulenta relação entre Yaqub e Omar, dois irmãos gêmeos naturais de Manaus, terra de origem do autor que já foi premiado por esse e outros romances. Suspense e tensão permeiam essa obra que é altamente recomendada, principalmente aos mais experientes leitores. Não perca!
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Resenha // Dois Irmãos
Milton e a Obra Prima
Por Ana Cláudia
Arquiteto e
professor de Literatura no Amazonas e na Califórnia, Milton Hatoum nasceu em
1952, em Manaus, onde desde o berço seu gosto por Literatura permaneceu. Autor
de quatro romances premiados, Dois Irmãos (Companhia das Letras, 2006, 198 págs.)
é sua mais famosa e reconhecida obra entre o grande público.
Pois bem,
trata de uma família enraizada na cidade de Manaus, com fortes e perceptíveis
peculiaridades, que vão desde relações incestuosas à um conflito quase (ou
certamente) armado entre os gêmeos Yaqub e Omar, de personalidades um tanto distintas.
Hatoum, além
de nos mergulhar no cotidiano manauara com uma descrição fenomenal das
paisagens e dos locais da cidade, também nos mergulha em conflitos interiores
humanos, provavelmente presentes e comuns a todos nós. O autor passa também uma
sugestão apimentada, quase como a de Machado de Assis, grande escritor do
século XIX, que está coincidentemente (ou não) entre as preferências literárias
de Milton. É notável seu gosto por mistérios, já que aguça a dedução do leitor
ao longo do livro, onde seus mistérios vão sendo, pouco a pouco, suavemente
revelados.
O diferencial
de Dois Irmãos encontra-se também no tempo da narrativa, que transita entre a
incerteza cronológica, com idas e vindas entre as épocas feitas com maestria e
sem perder o foco principal, além de ter sua maior graça e, descobrir e
entender o desenrolar da história, já que a mesma começa pelo final.
Uma narrativa
adulta, com maturidade que exige certa bagagem literária, mas que impressiona
pelo seu poder de fazer com que o leitor deslize pelas páginas sem sentir
vontade de parar, e pelo poder de intrigar a cada capítulo, por conta de sua
construção. Apenas classificar Dois Irmãos como bom não e suficiente, já que a
lapidação literária é tão rica que em uma obra, o autor consagrou-se e deixou
sua marca no Brasil e no mundo, junto com os grandes clássicos.
O livro é
recheado de suspense, conflitos, ciúme e surpresas, portanto sua leitura é
obrigatória, tanto pela competência de Milton quanto pela beleza e apreciação
da obra final, merecedora de elogios e sorrisos apaixonados.
Leia sem
moderação.
Lista Temática // Dois Irmãos
Contexto histórico e cultural:
· Militarismo
· Manaus
· São Paulo
· Cultura Árabe
· Religiosidade
· Pós Guerra
· Líbano
· Festividade
· Desigualdade
· Prosperidade econômica
· Eugenia
· Censura
Sentimentos trazidos pela obra:
· Inveja
· Orgulho
· Mistério
· Tragédia
· Rivalidade
· Ambiguidade
· Reviravoltas
· Instabilidade familiar
Relações entre os personagens:
· Ciúmes
· Confusão/intriga
· Rede vermelha
· Relações platônicas
· Gêmeos
· Flashback
· Vizinhança
· Rivalidade
· Libertino
· Insensato
· Timidez
· Caçula
· Incesto
· Tumulto
· Traição
Por Giulia Bravo e Sofia Panarotto
Cyber diário
26/04 – Hoje nós
tivemos uma introdução ao livro Dois Irmãos, na qual nos foi apresentado um
pouco mais sobre a vida de Milton Hatoum e sobre os mistérios que nos
aguardavam na leitura de sua obra. A aula foi muito intrigante e nos instigou a
querer mergulhar no universo deste tão conceituado livro.
29/04 – Fizemos uma roda de leitura introdutória, na qual
todos participaram, tanto lendo trechos do livro quanto expondo suas oposições
sobre os acontecimentos do enredo. Os palpites vieram desde o narrador sendo um
quarto filho de Zana e Halim, até a hipótese de ser filho de Zana com um dos
gêmeos.
06/05 – Na nossa segunda roda de leitura, as suspeitas sobre
o narrador e sobre os acontecimentos dentro da família foram aumentando. Quando
achávamos que tínhamos finalmente entendido o enredo, nos surpreendíamos e nos
confundíamos, levando-nos a querer ler mais. Marcamos para o dia 13/05 a nossa
roda de leitura final, na qual vamos enfim saber tudo sobre o que nos aflige neste
romance.
13/05 – Terceira e última roda de leitura. A ansiedade para
esta discussão estava alta, e cada aluno que estava terminando sua leitura se
via surpreso com as revelações. Finalmente entendemos a origem de Nael e os
conflitos que se desenrolam ao longo da história. A surpresa foi grande e nós
realmente nos interessamos e nos dedicamos à obra. Estávamos ansiosos para a
vinda de Milton Hatoum para discutirmos nossas e outras opiniões sobre a
história.
20/05 – Hoje fizemos uma resenha crítico-informativa sobre o
livro, gênero que será abordado no bimestre, ao longo de várias redações.
Mostramos, em cada texto, nossas opiniões e críticas à narração, que serão
analisadas pela professora Soraia, que posteriormente fará a devolução dos
textos corrigidos.
31/05 – Vinda de Milton Hatoum ao colégio.
Por Ana Cláudia, Leticia Viana e Rafaela Reis
domingo, 29 de maio de 2016
Poema - Milton Hatoum.
Díade-Émula
Das cinzas boreais, criam-se histórias
Que transpassam a verocidade,
Atingem a memória
Reconstituem o presente, com fantasmas de outrora.
Transcende de uma oração, muito mais que um sujeito
É a realidade singular e cambiante
Colocada como o pretérito perfeito
Que carrega raiva, perdão e esquecimento.
Marcam a voracidade de sentimentos
A globalização fugaz
E solidão espreita.
Deixa angustiado
Quem busca palavras para descrever o abstrato
Quem faz de um livro o mundo e seu autorretrato.
Por Leticia Helena.
terça-feira, 24 de maio de 2016
Fanfic // Dois Irmãos
A História de Domingas
Por Gabi Motta
Em meados de algum tempo entre a década de 10 ou 20, nascia às margens do rio Jurubaxi uma cunhantã mirrada com espírito de liberdade, andava descalça pelo povoado. Domingas era o seu nome. Seu pai dizia que a mãe nascera em Santa Isabel, que era a mais bela das noites dançantes e das festas do Ajuri, mas quando cresceu, as lembranças da mãe pareciam um espaço em branco. No lugar disso, suas memórias guardavam a imagem do pai, trabalhador de roça e do irmão mais novo.
Ainda quando nasceu e cambaleava os primeiros passos, gastava as tardes zanzando pelas bordas do rio, colhendo frutos que caíam das árvores sem se despedaçar, brincando com os pássaros – que ela fez questão de aprender os nomes, características e de cuidar quando os achava feridos. Poucos anos depois, nasceu o irmão mais novo, que foi tutorado por ela a também aproveitar essas pequenas e valiosas coisas proporcionadas pela natureza.
Logo cedo, recebeu a responsabilidade de ajudar as mulheres do vilarejo, ralando mandioca e fazendo farinha, aos poucos deixando calos nas pequenas mãos que trabalhavam minuciosa e atentamente. Além disso, tomava conta do irmão na ajeitada tapera onde vivia, enquanto o pai trabalhava.
Domingas apreciava e respeitava o rio, as árvores, o vento. Aprendeu desde cedo a respeitar os animais, criando um afeto em especial pelas aves que viviam por ali. Cantarolava rimas desajustadas em Nheengatu, que aos poucos se tornaram belas canções – no futuro, as preferidas de Nael. Colhia frutos das árvores junto dos pássaros, nadava junto dos peixes, explorava o verde junto dos calangos.
O tempo passava tranquilo, ela gostava de ajudar como podia e era retribuída com ensinamentos, aprendendo danças, histórias e músicas. Aprendeu a trançar fios de palmeira, esculpir em madeira e acabou aperfeiçoando as habilidades em seu tempo livre, criando belas esculturas dos pássaros que tanto admirava, guardando um pedacinho de liberdade em cada uma das pequenas obras de arte.
Numa tarde de junho, nas vésperas da comemoração de São João, Domingas cuidava do irmão mais novo enquanto o pai fora colher castanha e cortar piaçaba. O pequeno brincava e bagunçava dentro da tapera enquanto a irmã observava o início das festividades, o rugido alto dos tambores e as cunhantãs que já embalavam nas danças e rezas, delicadamente pintadas, cheias de colares nos pescoços esbeltos e penas iridescentes penduradas nas orelhas que carregavam a leveza dos movimentos.
Subitamente, grunhidos altos de terror tomaram o lugar das vozes e tambores – quando a menina se deu conta do que acontecia, um caititu gritava e se debatia por ajuda enquanto um homem agredia a cabeça do animal escaldado, que assim que apagou teve os pelos arrancados e foi posto num moquém. Domingas correu para junto do irmão mais novo, com o rosto abafado em lágrimas e o corpo tomado pela tremedeira do medo e lá ficou, aguardando o retorno do pai.
O irmão mais novo ficou inquieto, dançando em maneira de criança com o barulho da festa que vinha de fora, enquanto Domingas era tomada pela preocupação com a demora do pai, que não costumava demorar mais que o necessário em suas saídas. Perguntou a quem passava por ali se alguém o tinha visto, pedia qualquer pequena notícia, mas ninguém sabia onde o homem estava. Horas depois, recebeu a notícia de que o pai fora encontrado morto no piaçabal. A festa que nem começara direito já havia acabado para ela, que se sentia tomada pela invasão de sensações ruins da perda de um dos únicos que restavam de maior importância em sua vida. Agora só restavam ela e o irmão.
O pai foi enterrado no dia seguinte, num pequeno cemitério localizado na margem oposta do rio. As pequenas lápides eram ajeitadas uma colada na outra, de forma quase ofensiva. Lamentavam-se ali alguns amigos, alguns que trabalhavam junto com ele, algumas mulheres que Domingas ajudava, que resolveram prestar condolências à cunhantã e a enchiam de abraços, tentando confortá-la. Domingas se esvaía em lágrimas e em luto, enquanto o irmão mais novo confundia-se e chorava, perdido na situação.
Ela repetia, tanto para si mesma quanto para o pequeno: “Vai ficar tudo bem, irmãozinho”, apesar de não saber bem como viveriam dali por diante. Colheu algumas flores de pequenos arbustos dali e depositou-as em volta da pequena lápide do pai junto com as lágrimas que ainda caíam.
Poucos dias depois, que ainda seguiam com o espírito de luto e medo, um grupo de freiras das missões de Santa Isabel do Rio Negro visitou Domingas e o irmão, agora órfãos. As freiras disseram que a acolheriam num orfanato em Manaus, que teria uma nova chance de vida. Ela não teve muita possibilidade de escolha. Foi levada pelas freiras na manhã seguinte, quase sem poder se despedir das mulheres do vilarejo, do irmão, do rio e dos pássaros. “Esse é o meu lugar”, dizia.
Contra sua vontade, Domingas foi levada para Manaus, distanciada de sua origem e não conseguia conter o desespero em pensar que nunca mais veria o irmão. As lágrimas escorriam incessantemente, simultâneas ao turbilhão exasperado de emoções com o qual ela não sabia lidar. Várias questões sem resposta surgiam, preocupava-se com o irmão deixado para trás, tinha medo do que viria, não conseguia ou sequer podia escapar.
Seu passado foi excluído, apagado sem escolha. Uma porta para um futuro incerto, desesperador e solitário foi aberta. Domingas foi deixada no orfanato de Manaus. A índia foi alfabetizada, batizada e obrigada a aprender rezas e regras de um lugar que não fazia parte dela. O resto, você já sabe.
Biografia Milton Hatoum
Milton Assi Hatoum nasceu na
cidade de Manaus em 19 de Agosto de 1952. Quando adulto mudou-se para São Paulo
e ingressou na USP cursando Arquitetura e Urbanismo. Em 1980, viajou para a
Espanha como bolsista, vivendo entre Madri e Barcelona. Completou sua
pós-graduação na universidade francesa Paris III.
Após sua volta ao Brasil, passou
a lecionar língua e Literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas e
na Universidade da Califórnia em Berkeley.
Aos 37 anos publicou seu primeiro
livro: Relato de um Certo Oriente. Além
desse, escreveu mais 3 romances: Dois Irmãos, Cinzas do Norte e Órfãos do
Eldorado.
Vencedor de vários prêmios,
Milton Hatoum é um escritor reconhecido tanto no Brasil quanto no exterior por
seus livros e diversos contos.
domingo, 22 de maio de 2016
Comentário da obra Dois Irmãos
Fomos
orientados, no colégio, a ler o livro Dois Irmãos do escritor Milton Hatoum, e
garantimos que nunca imaginaríamos o que nos esperava. O romance nos tomou de
incertezas do início ao fim da narrativa. Adoramos a trama familiar presente na
obra em cujo centro estão os irmãos gêmeos Omar e Yaqub, que nutrem uma relação
de ódio entre si. Hatoum consegue nos prender nesta história isenta de lições
de moral, na qual não há o desejo de distinguir o bem e o mal. E, no final... Inúmeras
possibilidades e quase nenhuma certeza. Só podemos definir a obra em um único
adjetivo: SENSACIONAL!
Por Ícaro Vieira Silvério, Pedro Henrique Christensen e Thiago Miguel Fontes.
Fanfic // Dois Irmãos
A Viagem de Omar
Por Luisa Lopes
Os primeiros
raios de sol surgiam no horizonte. Já acordara cansado, depois de uma curta
noite de sono. Dália não saía de seu pensamento, seu corpo prateado
dançando como uma deusa em seus sonhos. A imagem dessa mulher parecia tão
distante agora para Omar, que dentro de um quarto mofado em um prédio antigo no
bairro da Liberdade, lembrava-se do passado não muito longínquo na cidade de
Manaus, das noites nos clubes grã-finos e nos lupanares, dos olhares e afagos
das mulheres. Agora, a solidão o dominava, consumindo suas energias, aliada à
inveja da nova vida que seu irmão Yaqub vivia.
Já havia
passado três meses desde que ele se mudara para aquela triste pensão, naquela
cidade que não fazia parte de sua história. Sair do conforto de Manaus e dos
braços de sua mãe foi doloroso, mas o pior veio depois: ver seu irmão bem
sucedido, casado com a mulher pela qual era apaixonado desde a infância, Lívia.
O ciúme se mesclava com o ódio, cegando o jovem, antes tão altivo e cheio de
si.
Omar não
aguentava mais a vida em São Paulo. A tentativa de sua mãe de fazê-lo tomar um
rumo, de se reconciliar com o irmão, de ter um diploma, tudo foi em vão. O
Caçula desprezava tudo que trouxesse uma estabilidade: queria aventuras que lhe
dessem prazer, queria sentir emoção em cada instante da vida- e foi nessa manhã do dia 15 de novembro, Dia
da Proclamação da República, que Omar decidiu deixar sua pátria.
Lembrou-se das
economias do irmão e de suas viagens para o exterior, das quais este tanto se
gabava. Com Yaqub e Lívia viajando, Omar entrou no apartamento dos dois com a
ajuda da empregada, que seduzida por seus agrados, cedeu aos encantos do jovem
e ajudou o Caçula com sua trama. Entrou como um furacão, em busca de qualquer
coisa que o fizesse sair da prisão que era sua vida. Vasculhou tudo e ao entrar
no quarto, viu as fotos do casamento e das viagens que invejava. O ódio lhe
embrulhava o estômago. Pegou o passaporte, abriu o armário do gêmeo e roubou
duas camisas de linho e uma gravata. Enfurecido, abria as gavetas, jogava os
livros da faculdade no chão até que um deles, ao se abrir no trajeto da estante
até o piso de madeira do quarto, lançou no ar diversas notas de dólar. Recolheu-as
do chão, ofegante, sem nem contar o quanto havia. De volta à pensão em que
morava, arrumou uma maleta às pressas, levando apenas o básico para alguns dias.
Carecia de aventura, o que estava decido que não encontraria nem em Manaus, nem
em São Paulo.
Poucas horas
depois que deixou sua casa na rua Tamandaré, Omar se viu na poltrona de um avião,
decolando para o tão desejado desconhecido. Ele nunca havia imaginado que um
dia uma grande máquina como aquela, que antes lhe causava medo e angústia,
traria uma sensação de liberdade. Quanto mais alto, mais próximo das nuvens
ficava e mais longe do chão, dos carros, dos edifícios, das pessoas- de seu
passado.
O Caçula não
conseguia acreditar em seus próprios olhos quando desembarcou na famosa Miami.
A modernização deixava a grande São Paulo parecer muito atrasada: não era só a
cidade que parecia mais civilizada, mas também as pessoas. Luzes coloridas
indicavam os clubes e cassinos, atraindo o olhar do jovem como sua mãe atraia. Omar
finalmente parecia ter se encontrado, tudo aquilo que sempre desejou a seu
alcance. Já no primeiro dia entrou em um clube, comprou bebidas caras que nunca
sequer tinha visto no Brasil e ficou sentado apenas admirando a beleza das
mulheres que via. Ao contrário de Manaus, não via uma perna morena, um rosto de
índia, nem um corpo dançando ao som do batuque. As jovens louras andavam cheias
de si, outras apenas observando o ambiente sentadas próximas ao balcão tomando
bebidas finas. No início, o jovem sentiu uma mistura de admiração e intimidação
por uma das que o olhava de longe. Mas já conhecemos o Caçula: por mais que não
soubesse uma palavra da língua inglesa, sabia uma língua universal- a do olhar
e da sedução. Seus encantos atraiam qualquer uma ao redor.
E foi assim
que Omar passou seus dias nos Estados Unidos, cada dia em um clube diferente,
pulando de cama em cama, como já era de costume. Conduzia-se pelo acaso,
buscando o lado fantasioso da vida. Decidiu então escrever para a família um
cartão postal de cada lugar que passasse. Escreveu de Miami, depois de Tampa, Mobile,
Nova Orleans, Louisiana e Mississippi, contando suas peripécias em cada uma das
cidades e estados americanos. Mas percebeu que o que sentia falta era da rede
vermelha e da companhia de Zana, que nenhuma outra mulher poderia suprir.
Depois de
vários meses, com o dinheiro que roubara do irmão acabando e a saudades da sua
terra natal, não lhe restara outra opção a não ser voltar para o Brasil. Sentiria
falta dos Estados Unidos? Com certeza, mas como dizia seu pai, nem santo nem
cidade conseguiria dar jeito no menino, poderia continuar suas farras em
Manaus.
No avião de
volta, o Caçula nem estranhava mais as novidades trazidas pela modernização. O
que lhe incomodava, pela primeira vez, era o medo de voltar. Voltar para os
braços da irmã, para os cuidados da mãe, para a indiferença do pai. Olhou para
as nuvens abaixo e se assustou com a imagem que viu: seu próprio reflexo na
janela. Não se reconhecia. Os traços antes tão joviais pareciam mais sérios e o
rosto, antes trazendo festa e alegria, mostrava um homem cansado da mesmice.
Aquilo o assustou: não era Omar que voltava para casa. Era Yaqub.
Notícia
Colégio COC Osasco Recebe visita de
Milton Hatoum
Alunos preparam bate papo para receber o autor.
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(foto: Milton Hatoum, escritor de Dois Irmãos/fonte: Kogut.oglobo.globo.com) |
No dia
31 de maio de 2016, os alunos do colégio COC Sapiens receberão a visita de
Milton Hatoum, renomado escritor e autor do livro Dois Irmãos. Hatoum, que já
visitou o colégio em 2014 e 2015, está sendo muito aguardado para um bate papo
com a turma.
No
início do segundo bimestre do ano letivo, os alunos ficaram sabendo da vinda do
escritor à escola e desde então estão se preparando para recebê-lo. Com a
orientação e supervisão da professora Soraia de Salvi Carvalho e da
coordenadora de Códigos e Linguagens Marcia Celestini, os estudantes realizaram
a leitura e análise do livro Dois Irmãos e organizaram um blog em homenagem à
Hatoum.
Agora é
só esperar pelo grande dia.
Livro: Dois Irmãos
Epígrafe:
“E por serem tão iguais, o ódio os tornou diferentes”
Por Fernanda Zaggia, Fernanda Lefone e Priscila Olinda
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