segunda-feira, 30 de maio de 2016

Resenha // Dois Irmãos


Milton e a Obra Prima 

Por Ana Cláudia


Arquiteto e professor de Literatura no Amazonas e na Califórnia, Milton Hatoum nasceu em 1952, em Manaus, onde desde o berço seu gosto por Literatura permaneceu. Autor de quatro romances premiados, Dois Irmãos (Companhia das Letras, 2006, 198 págs.) é sua mais famosa e reconhecida obra entre o grande público.               
Pois bem, trata de uma família enraizada na cidade de Manaus, com fortes e perceptíveis peculiaridades, que vão desde relações incestuosas à um conflito quase (ou certamente) armado entre os gêmeos Yaqub e Omar, de personalidades um tanto distintas.
Hatoum, além de nos mergulhar no cotidiano manauara com uma descrição fenomenal das paisagens e dos locais da cidade, também nos mergulha em conflitos interiores humanos, provavelmente presentes e comuns a todos nós. O autor passa também uma sugestão apimentada, quase como a de Machado de Assis, grande escritor do século XIX, que está coincidentemente (ou não) entre as preferências literárias de Milton. É notável seu gosto por mistérios, já que aguça a dedução do leitor ao longo do livro, onde seus mistérios vão sendo, pouco a pouco, suavemente revelados.
O diferencial de Dois Irmãos encontra-se também no tempo da narrativa, que transita entre a incerteza cronológica, com idas e vindas entre as épocas feitas com maestria e sem perder o foco principal, além de ter sua maior graça e, descobrir e entender o desenrolar da história, já que a mesma começa pelo final.
Uma narrativa adulta, com maturidade que exige certa bagagem literária, mas que impressiona pelo seu poder de fazer com que o leitor deslize pelas páginas sem sentir vontade de parar, e pelo poder de intrigar a cada capítulo, por conta de sua construção. Apenas classificar Dois Irmãos como bom não e suficiente, já que a lapidação literária é tão rica que em uma obra, o autor consagrou-se e deixou sua marca no Brasil e no mundo, junto com os grandes clássicos.
O livro é recheado de suspense, conflitos, ciúme e surpresas, portanto sua leitura é obrigatória, tanto pela competência de Milton quanto pela beleza e apreciação da obra final, merecedora de elogios e sorrisos apaixonados.

Leia sem moderação.

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